domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não Desta Vez

"Ghost Of A Rose by Katerina Koukiotis"
    A expectativa do paraíso que erguemos ao nosso redor pode despencar como cortinas revelando mais uma vez uma tormenta infernal! ...e tudo foi uma ardilosa armadilha do destino zombeteiro, e nela sorridente nós nos atiramos cegamente. Recordando! O ramo almejado estava seguro em mão amiga, e largado ao chão foi o ramo, depois de ferir a mão de seu dono, e mesmo no chão o almejamos, porém não o tomamos para si, pois escolhemos cuidar das feridas da mão amiga. Contudo, ainda o almejamos e também sofremos ao ver a mão desconhecida arrebatar o ramo do chão! Sofremos em silêncio, e resignados com a dor esperamos a mão desconhecida ferir-se, para que desta vez sem culpa possamos nos arriscar segurar o ramo almejado. Aos poucos, tudo em nós é arruinado, é despedaçado... tudo, até mesmo as fantasias que vestimos no ramo almejado. A dor lavou os olhos sujos com lama da paixão, e assim notamos o ramo cheio de espinhos, que penetram na carne de quem segura. Liberdade! As asas que brotaram nos levam para longe, e aqui tudo pareceu tão bobo, pequeno, e sem importância! Novamente somos donos de si, e construímos cicatrizes onde antes feriadas abertas nos infligiam incessante ardor. Encantamento! Aqueles olhos repousavam no inalcançável, para assim serem apenas admirados. Muitos o miravam, mas eles continuavam firmes no horizonte sem dar atenção a ninguém, e permaneciam frios e distantes, porém belos e hipnotizantes! Improvável! Nossos olhares se cruzaram... foi um simples acaso. Nossos olhares se cruzaram novamente... e fechamos os olhos, não queremos nos iludir pelo acaso! E quando o abrimos, os belos olhos estão as nos encarar, e assim nos entregamos ao seu chamado. Neles toda perfeição é refletida, todos os desejos de nossas almas lá se mostram, mas ainda sabemos que eles não são para nós. Realizar! Aos seus desejos atendemos, e em todo simples gesto, fazemos os olhos sorrirem de volta, e aquele sorriso nos faz sorrir para o mundo, e sentir o mundo sorrindo para nós. Dúvidas! Seria esse finalmente o caminho para verdadeira felicidade? Poderíamos nos permitir almejar os belos olhos como antes almejamos o ramo? E, eles nos almejariam também? Desprendimento! Fazer sem nada esperar em troca... Sem cobranças, sem decepções! Fazemos os belos olhos sorrirem, pelo simples prazer de velos assim, e esse prazer é o que nos cativa a assim continuar. Percepções! Desejamos não os almejar, mas sabemos que já estamos enredados pelos seus encantos, e é tudo tão claro que aqueles que nos cercam percebem o nosso fascínio pelos belos olhos! Ao mesmo tempo, nossos olhos começam a coçar, como se estivessem  sujos por terra, e a realidade começa a ficar menos perceptível. Frustração! Mostramos felizes ao mundo os belos olhos, e os belhos olhos se cruzam com olhos amigos, e notamos um sorriso diferente! Um sorriso de desejo, que a nós nunca antes foi dado. E como soco aquilo nos atinge e nos faz lembrar de toda a dor que tivemos ao almejar o ramo... Vomitamos todas as fantasias criadas, e nele lavamos a lama que aos poucos voltava a nos cegar. E repetimos para nós: não desta vez! Não deixaremos nos cegar, e nem que feriadas em nosso corpo se abram... mas era tudo tão promissor! Mas, não desta vez! Aceitar! Simplesmente isso: aceitar! O sorriso nos dado pelos belos olhos em nada tem a ver conosco, mas sim com tudo o que fazemos para eles, são apenas nossos atos, nós mesmos nunca seremos almejados. Podemos nos contentar, mas não mais nos deixaremos ludibriar. E quanto antes aceitarmos isso, mais cedo estaremos prontos para sair do ardil tormento, desenhado por esse destino zombeteiro.