domingo, 25 de dezembro de 2011

Damas da Tormenta

"The Rain will Kill Us All by Brooke Frederick"


    Soltando as amarras que me inibem, prendendo as Mãos que me agarram. Meus pés deslizam por sobre poças de lama formadas pela Chuva que me lavou, e me livrou dessa Maquiagem Medonha. Mais fácil seria o mundo curvar-se em resignação por tanta rigidez encontrada em mim, mas apenas seria, pois tudo que conquistei foi a ruptura de Minha Pele. Foi tombando que senti a brisa em minha face, rejeitando o iminente encontro com a terra, gritei em desespero e arrependimento. Nesse instante os Portões foram abertos. Por quem? Não por mim, eu apenas proferir clamores! E meus pensamentos vagam e chocam-se de encontro com a Piedosa, sendo apenas o Eco úmido e distante quem retorna para fazer-me caricias, mas é o quê me basta! O mundo estremece com a Alvorada, matando as sobras, revelando a verdade! E tudo o quê ela disse me curvou, jogando por fim meu rosto na terra. Ó Impiedosa! Por que me punes apesar de meu pesar? Por que me diz que as Mãos ainda jazem sobre mim, cerrando meus olhos. Com o engodo desejado agora revelado me apresento contrito e nu, já que agora, Piedosa, tua água não me toca, nem me lava. E minha Casca secará, rachará e tornar-se-á pó perante teu sol, Impiedosa, e não sem sofrimento, e não sem dor. Mas prometo que jamais me desesperarei novamente e nem desejarei mais uma vez que Anfitriã Sombria me iluda e me amarre nas trevas que me confortam, pois sei que um dia o vento há de limpá-la e tornar Minha Pele pura para que eu possa andar errante e livre a fim de alcançar os merecidos Portões. O mundo ensurdeceu com o retumbar dos trovões, quando os oceanos precipitaram o dia se afogou, a correnteza, a verga da tempestade, me sequestrou em quanto moldava sulcos nos vales que habitava, e o relampejar trouxe a restauração das sombras. Ó Piedosa! Os Portões não te represam, e na correnteza flutuando sem dor me levaste acima deles de encontro as trevas doces do infinito. O mundo estremece com a Alvorada, e os céus respiram os oceanos de volta e a Piedosa me caça. A Chuva e a Alvorada em fusão me consumindo, quando vou me absolver, quando vou me libertar, quando vou me cansar de ser inerte? Não quero compaixão e nem penitência, afastem-se de mim, ó Damas da Tormenta, as minhas desgraças são cortes que sagram apenas na Minha Pele. Eu me jogarei ao chão e me erguerei, destruirei eu mesmo essa casca que me sufoca e arrancarei uma por uma as Mãos que me restringem. Merecendo eu ou não, os Portões se abriram e caso não abram farei com que se curvem perante mim, nem que isso dilacere Minha Pele!          

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ela...

"Walk to the Sunset by Rhiannon Mytherea Taylor"

Ela começa entre os pilares de sustento do mundo, e trilha o caminho do vento por lugares onde manadas de búfalos e ratos passaram. À noite ela é estrela esguia levando os navegantes da terra pelos sete vales, ao dia é caminho do sol de leste a oeste, onde o potro nasce e o cavalo morre. Atravessa rochas, circunda montanhas, salta rios e escava a terra, nem céu e nem mar barram seu caminho que transcende o físico e transpassa o etéreo mundo dos sonhos. Legiões por ela marcharam, em barreiras e batalhas lutaram para com o sangue lavá-la. Ela leva o homem a céu e ao inferno, e a mundos há muito esquecidos, perdidos ou renegados. Flui como Nilo no deserto, ou como o Amazonas na floresta, quando tortuosa e delgada é perigosa, e quando larga é tranquila por entre chapadões recobertos de árvores que se curvam a sua margem. Transpõe mil lugares numa só linha contínua que nem a tesoura do tempo e do espaço pode romper. Foi traçada no início dos tempos pelo mesmo dedo que ligou o interruptor do sol e com um peteleco fez o mundo girar. Por ela passeiam o corpo, a alma e a mente de mãos dadas com passos velozes em perfeito compasso, transcendendo a vida, a morte e a ressurreição, levando às novas cidades ou às prisões abissais. Alguns podem viajá-la com um passo, outros necessitam de todo o tempo do mundo. Poderosa e disputada, alguns querem dominá-la, e quando pensam que a tem em mãos, percebem que é apenas um trecho tão curto quanto são as linhas dessas mesmas mãos. Todos nela já andaram, andam e andarão. Mesmo pelos ares ou pelos mares, é caminho de todos os homens, animais, demônios e deuses. Leva ao infinito, circunda as galáxias por baixo das pernas do colosso e finda entre os martelos que rompem os pilares do mundo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Penas do Tempo

"Romantic Agony by Nadia Asserzon"
Penas e Pedras

Ando sobre penas e pedras. Por todos os senhores do vale dos meus sonhos esquecidos, juro que sou justo para com meus sentimentos. Sou livre, pois sangrei nas pedras e limpei-me nas penas. Ao sangue de meus pais, paguei o tributo que devia. Minha resposta as perguntas que me ferem é meu eterno semblante feliz. Pertenço aos meus instintos com orgulho, já que eles sempre me levam para o melhor da vida. Dia após dia, procuro o portal que sempre me leva para o mundo que somente eu posso entrar e lá sou tudo, menos eu mesmo. E pelas penas e pedras escrevo para o garoto que mora no fundo do abismo, dorme no leito do lago e enamora a Lua. Nessa constante batalha para ser reconhecido como um alto membro dos guerreiros dos campos perdidos da Grécia, sustento meu Símbolo na torre e desejo o Sol, Não a Lua. Prometo a todos que sempre seguirei o Caminho do Andarilho de Penas e Pedras.

Teias do Tempo

Primeiro dia de vida, primeiro momento de morte. Azar a quem tem sorte, desejo divino do dia e da noite dos navegantes dos sonhos fluentes ao vento. Flautas sopram notas melodiosas, sinos ecoam pelo abismo de paredes ressonantes. Gritos repetidos e esquecidos nas teias do Tempo. Ao clamarmos: Vida! Invocamos a Morte pelo ciclo da renovação. Um mundo refletido pela Íris iluminada por uma trêmula chama de uma fina vela sobre um fio de seda que uni os dois lados do abismo: a vida e a morte. Que lágrimas umedeçam as faces, que os gritos arranhem as gargantas, que os punhos cerrados sangrem as palmas, que os joelhos dobrem e que a barragem da alma rache e inunde o abismo até apagar a chama. E ao fantástico mundo traremos fim, quando os olhos infantes cegarem ao passar dos anos. Assim as teias do tempo se tornaram tão concretas quanto as rugas e tão inevitáveis quanto a morte. E digamos: Viva!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Observando-a Bailar

      "The dancer by Magdalena Zagórna"


Nem cem amigos podem preencher o vazio de um peito que disse adeus a um amor. A face seca e sedenta sofre se perguntando o que está acontecendo em seus olhos, buracos negros que nem mesmo a luz deixa escapar, contudo não o amor, força escrava só de si. E a língua de mármore, que espanca os ouvidos ao sibilar trevas, queima com o sangue ácido escorrido daquele coração embrenhado pelos vermes nascidos do vácuo emocional que compõe o cerne da alma afogada em desamor. No topo da colina, observando-a bailar no vale, esculpindo-se num manto que no corpo dela seja de caimento perfeito... Se não fosse a névoa do alto da colina, que todas as formas do vale distorcem, há muito tempo sobre ela estaria dançando. O rosto dela rasga o seu e é por receio da dor que prefere encarar a terra, e quando ele se esquece de tal maldita condição e a face ergue em busca da dela, é invadido por alegria e tristeza, e o coração pranteia em êxtase e agonia. Ressentido vocifera contra aquela maldita arte pela qual sua flor foi encantada e dele para longe levada, ao mesmo tempo deseja dela aprender para assim seduzir também sua flor como antes por vezes ela fora. Os portões foram abertos e, quem quiser entrar, que entre sem pedir licença e satisfação dar, e que venham no intuito de ferir, arrasar e abandonar, pois só uma dor maior pode anestesiar as queimaduras deixadas pelo iceberg solitário que brotou de seu peito. Apesar de tudo, o que faz o sangue ainda correr em suas veias e não delas é a esperança ao saber que nada é eterno, e a mão que agora  a conduz um dia há de solta-la e desta vez será a dele que ela segurará, ao menos é isso que ele espera, é o que ele sonha todas as noites, é o porquê dele se erguer todas as manhãs, é o porquê dele se alimentar e nutrir seu corpo, é pelo que ele ora e atormenta os anjos, é pelo que ele ainda vive e se esconde da morte.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Último Baile da Noite


"Anamnesis of estivation by Vitaly Alexius Samarin"
Nós iremos preservar cada lágrima que escorrer de tuas veias e, não mais sedento de teu néctar, o mundo festejará. No último baile da noite, na última noite antes do amanhecer eterno, a todos será permitido entregar-se a impiedade sem dor, nem culpa. Já que a iminência do fim está a se revelar num doce afago de uma fêmea acalentando sua cria. E não é a vida uma cria da morte, como a criatura que objetiva a criação, a vida revela seu sentido ao se suprimir. O fim é a única fonte inesgotável de mel, e dele o princípio brota vigoroso como uma videira em terra fértil. Mas ainda estamos em pé, e festejamos o finalmente. Aqueles que seguram a minha mão, aqueles que eu seguro a mão e aqueles que estão além, todos nós derramamos o vinho de nossas eras para que então vazias nossas ânforas sejas transbordadas de seiva. Durante o precipitar dos últimos grãos de areia, enterramo-nos e todo vinagre de nossa alma está a sorver-se para a profundeza do esquecimento. Para que enfim de nossos peitos a eternidade possa germinar, e seu fruto será uma nova nação tão perfeita quanto é a luz da verdade. Mas o ocaso ainda não engoliu a fome primitiva, e o banquete ainda exala seu êxtase. Sobre a mesa debruçamo-nos e nossas bocas ocupadas nada falam, e na cama deitamo-nos e nossos corpos ocupados não dormem. Você pode ouvir nosso sussurro silencioso, pode sentir as súplicas e os clamores por aquilo que incendeiam nossos espíritos e deixa nossos olhos em brasa, por aquilo que colapsa toda a existência em suas mãos e com um sopro reconstitui tudo em plena perfeição. Os últimos acordes já são ouvidos, as luzes já se apagam e o salão se esvazia. Lá fora no horizonte o amanhecer de mil sois expurgando a terra da noite em derradeiro e para o todo sempre, e as cinzas do que éramos são olvidadas quando os ventos da renovação varrem-nas para o nada. E por fim podemos nos erguer pela última vez e com inocência contemplar o infinito.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Algum Outro Eu



"You Soiled My Woods" by Diane Allemandou
   Um profundo toque despertou algum outro eu. Suas asas definhadas se abriram para eclipsar o sol, mas nada além da sombra de um arbusto surgiu sobre a terra. Em seus olhos ludibriados a devassidão de um desejo por possuir todo o mel do mundo, e mesmo assim seus lábios virgens tremem com a brisa do hálito que anuncia o paraíso. Perdido numa noite sem fim ao seguir rumo ao horizonte da carne, sua língua incendeia ao tocar o solo molhado depois de uma chuva de verão. Triture as rochas que brotam em suas costas, nada de bom há de nascer de tanta inquietação! Fechar os olhos é inútil, não fará o mundo desaparecer, e muito menos te despertará para uma realidade de fascínios. Se uma flor brota no jardim, ela será nada além de uma dentre muitas, se uma flor brota no ermo, ela será exaltada como uma raridade. Mas uma flor é apenas uma flor, o que brilha aos olhos é o mundo improvável agarrado por suas raízes. Então abrace esse corpo que te evoca, faça-o tua morada, uma busca à tua fonte da vida, uma jornada para o céu, um cobertor de perdição! A mão nebulosa apanhou-me pelo tornozelo e me aspirou para as profundezas de algum outro eu.  Suas asas ressurgidas se alastraram pela abóboda celestial abafando o flamejante áureo, e nada além de sombras surgiram sobre a terra. Da sagacidade de sua alma verte a pura cobiça de afogar o mundo em sua peçonha, além de seus lábios libidinosos sorverem toda a brisa de Plutão. Arrastando a perdição da carne em meio aos destroços do dia sua língua carboniza a terra maculada depois do festim untuoso. Deite sobre o mármore excretado de suas vísceras, aguarde pelo sabor do fruto de toda brandura assassinada! Tuas órbitas vazadas drenam o mundo e lacrimejam o vazio, e erguerá do nada teu reino de vícios e encantos. A flor que morre no jardim será nada além de adubo para as outras, mas se uma flor morre no ermo, todo o esforço do mundo se perde em vão nas areias do tempo. Mas uma flor é apenas uma flor, o que brilha aos olhos é a satisfação que ela traz ao mundo depois de podada. Então se livre do corpo que te sufoca, uma fuga mundo a fora, a estreia do ocaso da vida, um atalho para o paraíso, o relento da redenção!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Essa Minha Vida


"Shattered by Stephanie Shimerdla"
   Um golpe de sorte patrocinado pelo destino é a vida. Nada menos suspeito e improvável é esse mundo que me cerca, em sua arquitetura tão selvagem e racional. Como um mar que recusa a formar ondas apesar dos ventos que o açoitam, como uma involuntária e indesejada virtude que foi falsificada pelos meus medos, pelas minhas impossibilidades, como uma anomalia santificada escondida por mentiras é a vida. Cada dia é um agonizante arrependimento, onde o firmamento da alma corroída não mais sustenta as lágrimas que vertem do coração. Poderia haver celebração se o desfecho fosse alcançado pelo caminho excelso, mas é no caminho enfermo que repousa as pegadas, e ao chegar ao cimo da graça a lama dos pés suja o salão. Andar na lama, limpar os pés e esconder o tecido sujo: no mundo medíocre haverá estima enquanto os olhos não se encararem. Sossego misericordioso dessa capa abatida, que resguarda tal vexame ambulante, venha impedir que se desfaça em migalhas. Da boca agredida verte sangue e dor, na busca por alento verte desespero e lágrimas. Sentado à porta trancada, ouço clamores de vingança de quem deveria apaziguar e proteger. Abandonado, amedrontado, angustiado, humilhado, revoltado na noite escura berrando por abrigo, apenas para encontrar um vazio decepcionante. Nu e acossado enquanto o fracasso insiste em torna-se espelho e fantasiar maravilhas de sua óbvia pequenez. Mendigando por alguém que se sente ao meu lado, rejeitado e corrompido pelo suborno de uma amizade. Desilusão. Nada do que foi ensinado me tocou com suavidade. Ser o próprio bom exemplo, ser o próprio refúgio da tormenta, ser a própria boca que aconselha, e caminhar contra a dor que flagela a minha alma. O quê esperar da vida? Esperar algo por quê? Uma mão para segurar, um lenço para enxugar minhas lágrimas, um corpo para eu aquecer, olhos que me vejam, ouvidos que me ouçam, alguém para amar e odiar por todo o sempre. Se a felicidade for a solução que tornará insignificante todas as cicatrizes, que lançará espessa névoa sobre um passado alternado entre o vazio e a aflição, digo que a rejeito. Já que são os entulhos degenerados unidos por sangue, fel e lágrimas que edificam essa minha vida, e não posso desejar nenhuma outra, pois do contrário aspiraria à própria morte. O quê perpetra o pulsar desse coração é a consciência de ser melhor do que qualquer um que ousasse tolamente encenar esse meu golpe de sorte.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Percepções


"The ascend by Ludvigsen"
     A terra estremecida com as batidas de meu coração não pode ser sentida pelos pés que repousam em nuvens. Nas profundezas que habito não distingo o brilho de teus olhos do brilho das estrelas, e muito menos se eles me observam. Nas profundezas que habito tudo é tão obscuro e mais difícil de perceber, e a luz que incide de ti é tão forte que me ofusca. Deixa-me confuso. Deixa-me estranho. Brilhas para o mundo ou brilhas para mim? Daqui é tudo tão igual. Se meus pensamentos vibrassem nesse mundo, todos estariam surdos com o estrondo incessante de teu nome rompendo de minha alma, e queria que assim fosse, mas de minha boca calada e covarde não sai um só sussurro de desejo. Ah! Como eu odeio te adorar, caso apenas te desejasse, te tomava em meus braços e me contentava. Mas não quero só tua carne! Quero é teu carinho, tua atenção, teus cuidados, tua paixão. E com medo de ouvir um não, prefiro não ouvir nada. Sei que um dia, envenenado por esse amor reprimido, enlouquecerei e não mais suportando segurar essa represa, surdo e cego, jorrarei gritando por ti abismo acima. Só espero não passar do ponto, ir além das nuvens, e te assustar. Contudo se ao menos percebesse de ti, que eu ao bater à porta encontraria abrigo para meu coração no teu. Bastaria perceber de ti um quarto dos sinais que todos percebem de mim. Já que apenas os cegos não veem como meus olhos brilham ao te mirar por um breve instante, que é tudo o que suporto sem correr o risco de sumir em ti. Também, apenas os surdos não percebem a devoção em minha voz nas poucas vezes que digo teu nome, pois raramente me atrevo a evocá-lo com receio de por impulso dizer em seguida: ... te amo! Mas se tudo ao mesmo tempo em que é tão velado, é também tão óbvio, por que razão mantém-se tão indiferente? Será que essa indiferença já é para mim a tua resposta? Ou estou tão obcecado em procurar sinais em ti, que não vejo os que tu me mostras espontaneamente? Só temo que ao conseguir finalmente das profundezas que habito sair, a fim de ti alcançar, seja tarde demais, que os ventos tenham levado a nuvem na qual repousas para longe, para muito além do meu toque.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cortesia dos Céus


"Can´t stand the light by Natascha Roeoesli"
 Clamores! Pela cortesia dos céus, bradamos. Descendo em nossa carne um doce ardor que lava alma e nos faz pensar o quanto nos resta de tempo, de tudo. Sei lamentar e nada vai adiantar, ou é apenas isto que nos falta revelar: por onde sorver a liberdade sacrificada. Não, não, não. O dia dos santos chegou, e deixado para o coro das sombras meu cerne revolto ruge! O Pendulo rachou ao bater na porta, e meu peito se abriu em suicídio jogando meu coração no chão. Se jogue em meus braços, eu te protegerei. Não chore, eu te darei alento. Confie em mim, você não tem mais ninguém. Mentiras! Decepção... Meu tempo se foi, me diga como eu me sinto até não mais poder ouvir, até não mais poder suportar e nem poder acreditar. Sim, sim, sim. Só vou sorrir e sorrir, dessa formar lembrar de tua mão acariciando as nuvens, vindo sobre mim o som de tua voz que vibra além do firmamento e apunhala minha alma! Deixe-me perder, e tudo cair em mim, me esmagar, me oprimir para sempre e sempre em ti. Ridículo ensejo me foi jogado na cara, e eu dei a outra face para uma mordida letal de teu maldito beijo! Dai, dai, dai. Até não me sobrar mais nada, e sem tempo nada mais me é tão valoroso. Desejo o tempo para tocar meus sonhos e me inundar de esperança, lançando-me para longe dessa prisão, guiado por um anjo, engolindo o mundo. A razão da miraculosa verdade está escondida é incompreensível para minha pequenez, mas mesmo ao longe ela escava meu leito e me leva para o meu delta. Mas o tempo acabou, estou seco, ou quase, já que meus pulmões estão repletos de sussurros clamorosos. Suplicai, suplicai, suplicai. Por um momento de amor que despenca do céu arremessado pelos anjos arrasando comigo. O quê resta nem a terra há de querer comer. Eterno é meu nome para ti e além de ti, sei que pode senti o ardor de minha presença incomoda, mas não vomite. Eu cuido daqueles que cuidaram de mim, mesmo que tenhas me abandonado iludido e repleto de saudades, sei que um dia te possui! Ou foi o contrário? Agora a porta está aberta, e por mais que corras, não me podes alcançar. Agora sou eu que te abraço, e em mim tu fluis. Amai, amai, amai. Apenas com um simples gesto despretensioso, a lua sobrepõe o sol, e se deixa admirar. Seu louco desfeito, girando ao meu redor exalando instinto, pirando como se não houvesse outra oportunidade de mais uma vez assim ser. E banhado pela cortesia do céu, me deito com os anjos e em gozo contemplo inocentemente você passando impiedosamente por aqueles que um dia eu fui igual. Por fim, suspiro pensando, se em quanto em ti, soubesse do que sei hoje, Não mais Suplicaria, e Sim Daria Amor.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rumo ao Horizonte!


"Kuglimz Lancer by Jeff Lee Johnson"
   Pelo pêndulo que marca a cadência frenética do vale de Isabel, todos nascem. Veja o nosso mundo, este é o nosso estilo. Os tambores e os guizos vibraram ao som da flauta e aos acordes da veloz guitarra. Esse é o nosso som, se entregue a melodia do piano e você será mais feliz. Corra através dos campos encantados pela doce melodia de Nafta, e voe baixo por entre as árvores. E, quando chegar ao templo do precioso sagrado sangue, as divas da inspiração irão encantá-lo. Em seu cavalo branco adentre os portões da Dama Azul, que lhe espera com o calor arrebatador do Amor. Vitória, você voltou vitorioso e derramou sangue daqueles que são terríveis. A vida é uma bela obra de onde você irá combater as sombras. E, um dia tudo será magnífico na vida dourada, no vale de Isabel ao lado da esplendorosa Dama Azul. Então, lute pelo seu amor, vença a guerra contra a terrível dor, destrua a legião inimiga. Depois com os outros cavaleiros volte para casa, onde o amor espera para ser libertado. Nos Vales de Isabel, as árvores são mais verdes e o céu é de infinito azul. Com virtudes adquiridas durante o caminho que leva ao vale receba por justiça as palmas dos camponeses, e ouça a sua música, cantada pelas donzelas do castelo. Festeje, sei que você merece. Cante, você merece. Dance, você merece! Toda dor será paga com amor, toda piedade com admiração e toda a bravura com a felicidade de ser um grande patriarca do Vale de Isabel. Treine seus filhos e netos para que eles possam ouvir o canto de nossos pássaros e, assim, se inspirar para as lutas em busca do vale deles. Escute o som! Una-se a melodia do mundo! Vibre com a energia da vida! E eu juro que ninguém poderá deter-te, quando tu caminhaste  rumo ao Horizonte!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dama de Gris


"Varda Elentári by Maija Pietikäinen"

   Pelos idos de uma vida ignorada, divago na divisa de um mundo não mais meu. Nesse buraco azeviche, eu saboreio as lagrimas desse dom incompreendido. Gentil me era a Dama de Gris, mas onde ela está agora? Sinto falta de sua proteção durante a passagem para o mundo onírico. A hoste devastadora tenta-me estilhaçar, procuram minha dor. Doentes são e, apesar de tudo, nada mais. Busco um lume que me leve para onde habita meu brilho de inspiração. O entalhe do progenitor deixou-me a bela insígnia do Senhor do Reino do Inanimado de Essência Ambulante e Difusora de Ânimo. O Alquimista do elixir da longa noite transforma tormentas em doces baladas ternas de sonhos eternos. Meu pensamento torna o mundo de cá ínfimo aos olhos do espírito. Meus sonos buscam uma ilha além do céu e do inferno, onde os anjos são apenas anjos e o tempo humano não principiou. Macero minha imaginação buscando até a última gota de êxtase. Assim, fluo pelo mar do entendimento vendo além das brumas do ceticismo. Libertando-me dessa estase mental, bebo desse rio amalgamado que é a vida além do véu da ilusão do chamado real. Cheio e fluente de tudo que me é bom e me ascende ao amor imortal, divino e universal. Mergulho no inverno de minha alma e faço lá brotar relva verde. Essa vida acende meu espírito e como grande obelisco de fumaça minha imaginação alcança o céu. Seja o meu equinócio da vida e da morte um momento eterno equiparado ao desejo de deus de amar os homens. Navegando numa esquadra de nuvens, viajo por estrelas de diamante, antes grafite fora do papel. A melodia que os ventos cantam é muda aos meus ouvidos, mas meu peito vibra cada nota do bom destino. Era sobre era, meus ramos abraçam o mundo e abaixo de mim só há luz, nunca sombras. Mil livros escrevi, mil vidas narrei, mil vezes morri e após todas elas ressurgi para encantar um novo alguém. E para sempre abdiquei da minha terra natal mudando-me para um mundo tão belo e leve quanto uma gota de orvalho no fundo duma tulipa.

terça-feira, 15 de março de 2011

Por Vetura é Só Disso que Preciso

"Lost In You by Rachel Anne Marks"
        Embriagado pelo fascínio de te contemplar, busco em vão sobreviver em minha rotineira solidão, mas não posso mais voltar atrás em meus sentimentos. Resta-me seguir avante, deixando meu coração afogado nesse oceano represado pelos teus lábios. E, assim, meu corpo choca-se contra teu toque, com minha alma rendida pelo êxtase de tua pele estou à mercê de tuas vontades. Tudo isso me faz ascender acima das nuvens, a um passo das estrelas, às portas do paraíso e além! Se a morte é a única certeza em minha vida, então tu és meu sono eterno, pois tudo além de ti não é nada mais do que o improvável. Sem ti recaem sobre mim todos as angustias desse mundo, a dor é o espaço que há entre nós, a depressão é o tempo entre deixar de ti ver e te ver novamente, e as trevas são nada mais do que tua ausência. E o riso que escapa de ti reverbera dentro de mim e faz meu peito pulsar tão potente que até a tempestade se cala admirada a fim de nos escutar. Em juras me perco eternamente para que tu me aches para todo sempre, e se me deixo cativo do teu amor é para ser liberto das correntes que havia tecido ao meu redor. A brisa carinhosa de tua respiração tão próxima de minha boca é como tormenta que me traga para as profundezas de tua alma, a pressão de teu corpo contra o meu incendeia os pilares de meu mundo que desaba como torre de cartas, o sussurro de teus desejos em meu ouvido transgridem os limites de minha sanidade, restando apensa um pobre louco, que só acredita numa só realidade: teu nome. Por ventura é só disso que preciso para trazer ânimo a esta casca que carrega o reflexo de tua alma. Não és minha metade perfeita, és-me inteiro, pois senti nada sou. Pois é quando me arrebatas com um sorriso que eu me sinto puro, é quando me contagias com teu cheiro que me sinto seguro, é quando me domas com tua voz que me sinto potente e é quando me alcanças com teu amor que vislumbro o sentido de viver.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Livro


"Smiling jackdaw by Svenja Hildebrandt"
    
    O livro foi aberto e eu não posso ler, meus olhos foram bicados pelos corvos e meus dedos queimados pelo gelo. O mundo é tão belo quanto uma lixeira pode ser. A vida nos leva a lugares não compreendidos e nós aceitamos sem mudar nada. Sou a brisa tóxica dos esgotos, a chuva ácida das metrópoles e a bactéria carniceira. A praga que molesta a boca amaldiçoadora. Insanamente olho para meu presente e só penso em mim e no meu valioso pasto verde que rumino sem parar. O depois não é meu, logo voltarei ao pó, e que meus descendentes se danem. Sou o sol radioativo, o câncer dos vivos e o abrigo dos mortos. Sou intenso e egoísta, sou poderoso e inconsequente, sou minha vida e a desgraça dos outros. Nunca faço algo por ninguém, eu sou alguém e o resto é nada. Cantarei minha própria melodia e dançarei no meu tablado, a apresentação é minha e sou eu que vou brilhar. O livro foi aberto e o li em um segundo. Compreendo os meus desejos e as necessidades dos outros. Sou mais um dentre muitos, e me alegro em ajudá-los. O passado, o presente e o futuro são minhas obras-primas grandiosas e perfeitas. Não me chamem por amparo, pois ao teu lado já estarei sempre, teu bem é meu bem, tua vida é minha vida, tua riqueza também. Sou o ar de teus pulmões, o sangue das veias, o calor da vida, o sorriso da face, a mão no ombro e o passo de teu caminho. Sou a fonte de vida e sou perpétuo na tua vitória. Serei lembrado e amado por ser bom, e ascenderei eternamente por entre tuas alegrias. O livro continua fechado, sua capa é bela, mas está lacrada. Não devo e nem vou romper e olhar seus segredos. Sou sombra, sou insensível. Passem por mim e deixei-me aqui. Estou em paz, estou bem, pois sou ilha solitária, espectador passageiro por esse mundo. Sou preso a rotina, que apaga meus rastros. Tenho os pés de pluma, a voz sibilante, sou o vulto do mundo e do tempo. Morrerei no presente sem parentes no futuro.

quarta-feira, 2 de março de 2011

De Volta Para Quem Me Espera

"Dreaming Tree"
    Não me espere. Nem eu sei, quando irei voltar. As Árvores estão velhas demais para serem verdes e eu, lançado ao Vento, como poderão elas me alcançar? Grande Ladrão não queria vim, mas aqui está e, além de roubar a chave do Portão, não mais quer sair. Retornando para o quarto escuro, busco salvação na dama sem rosto. Ela mostrou três portas, cada uma levando para três mundos e cada mundo me reserva três destinos. Porém somos dois, eu e o Ladrão, iremos juntos ou não? No caminho escolhido sangrei em seis espinhos, bebi da quinta culpa, chorei nove mil lágrimas de arrependimento e meu mundo diminuiu, porém me restando o perdão, a confiança, a coragem, a mansidão, a humildade, liberdade e o amor, sendo tudo isso o bastante para mim. Já o Grande Ladrão ainda está no quarto escuro e a chave roubada caiu de suas mãos, tombando e girando veio até meus pés para que eu reabrisse o portão do mundo. Agora, vou embora e o deixo para trás, não sei por que o trouxe, mas ele veio por minha vontade e, assim, fui responsável pelos erros dele, que agora eu concerto. Sou tão velho quanto as árvores sem cor, tentando agarrar os jovens, que levados pelo vento, flutuam acima da minha copa. E, cada um segura pela mão seu Grande Ladrão e pelo coração uma semente para a renovação. Sendo que eles são os únicos responsáveis por fazê-las brotar no momento mais profundo, escuro e fértil da alma como ocorreu comigo. Amanhã o sol será eterno mais uma vez e sob ele crescerei nutrido profundamente pelas sete dádivas. Embaixo dessa casca cinza, grossa e marcada brilha como ouro uma seiva que faz brotar folhas em um mundo além da nossa visão. Enquanto aos frutos, compartilho com meus iguais e com aqueles por mim desejados para serem mais um de nós. O vento sopra e leva os jovens cada vez mais, contudo é em mim que espero seu toque forte. Um que me leve para baixo de volta para quem me espera.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Um Passo do Abismo



"Lead the Blind by Christopher Reach"
                                              
    Sobrepondo todos os desejos com angústia. O mundo é daqueles que mais desejam. Deitado a beira do rio esperando a terra tremer e me jogar lá dentro. A correnteza me levara para campos sem donos, onde erguerei meu castelo. Passo após passo, o céu me acompanha e a terra foge de meus pés. Estará ela mandando-me voar? Lá naquela vila, há um homem que cavou as tumbas de todos, mas seu corpo pereceu coberto por folhas debaixo de um ipê. Quando repleto de fome bati à porta, ninguém abriu, se eu não tivesse partilhado meus pães com os mendigos das estradas, não seria eu mais um deles. Seria meu lado tolo falando mais alto, ou seria outra coisa? Bela moça, conheci e por ela me apaixonei. Fui apoio em caminhos íngremes e abrigo em noites chuvosas. Sentados no vale estávamos, ela disse: estou com sede. E, eu de regresso do rio disse: estou de coração partido e alforje vazio. Assim é a vida e eu não me surpreendo mais com nada. Lágrimas. Não tenho mais. Revolta. Estou seco disto. Esperança. Estou cansado demais. Vago pela estrada empoeirada, onde o vento que me empurra é meu guia. Em minha face um olhar, um olhar sem ires e pupila, desejando um mau dia para os outros viajantes. Dezenas de campos sem donos eu transpus, pisei naqueles que poderiam dar-me a felicidade, mas não consegui senti-los. Meu destino leva para um abismo de morte e neste transe deitarei na tumba cavada pelo corpo do ipê e nem sentirei a terra caindo sobre meu peito. Em que lugar tropecei, onde esta a pedra que me levou para este estado. Atrás de mim, sorrir uma sombra. Ela foi quem me negou ajuda, quando faminto. Ela foi quem me disse para não mais caminhar e me deitar a beira do rio e esperar pela boa fortuna. Ela foi quem escondeu o corpo do homem em baixo do ipê. Ela foi quem levou de mim a moça amada. Mas a culpa de estar cego é minha, apenas minha. A sombra pôs a pedra em meu peito e eu aceitei de braços abertos. E com mais esta prova de que minha alma é fraca, mastigo toda esta angústia. A um passo do abismo da morte, volta à minha face uma derradeira lágrima de súplica  a alguém que possa puxar-me de volta neste último instante.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Para Vencer ou Morrer

                                    "Ode to Amipal by Lotta Tjernström"  


   Ele olhou profundamente seu inimigo, que empunhava firmemente a espada prateada enquanto o vento tremulava sua capa e seus longos cabelos. Porém, ele não se intimidou perante o vigor e a confiança do inimigo. Pegou seus dois punhais e partiu para ao ataque com o espírito em fúria e força. Enquanto corria pela campina manchada de sangue dos combatentes: amigos, companheiros e inimigos, a cada passo que dava incendiava as folhas secas que estralavam e soltavam fagulhas. Muitos confiaram a vitória a ele, vencendo ou perdendo ele sairia daquele campo com uma divida de vida para muitos, porém não poderia pagar nenhuma, já que todos estes se sacrificaram para ele continuar na batalha e vencer. Suas adagas cortavam o vento e emanavam um brilho sobrenatural, como se os espíritos de todos os aliados  estivessem também erguendo aquelas lâminas. Sua respiração era ofegante e seu corpo veloz deixava no ar gotas de sangue que saiam de inúmeros cortes. Enquanto o outro estava firme, somente com a espada manchada de vermelho e mais nada. O inimigo perante a investida firmou seus pés no chão como se fossem profundas raízes, e colocou-se em posição para deferir seu mais rápido e letal golpe, seus olhos eram intensos e nesse dia congelaram a alma e o pulso de muitos infelizes, que na lâmina prateada encontraram o fim. Ele posicionou suas adagas e soltou um grito que surgiu de seu âmago, rasgou sua garganta e, de tão alto, fez todas as aves carniceiras fugirem. As energias dele e do inimigo se chocaram, uma tentando destruir a outra, buscando forçar joelhos a dobrarem e congelarem de medo. Entanto, esse sentimento já não influenciava em nada os espíritos desses ferozes combatentes. Com a aproximação, ele deu um grande salto e do alto desceu como um raio de ardor lançado pelo espírito da batalha, e seu inimigo ainda firme deferiu seu primoroso golpe, pois estava pronto para vencer ou morrer.

Carola

"Heart of Deamon by Cassandra Verret"
           
   Um relâmpago belo e grandioso iluminou as nuvens onde escondi meu coração. E, nas noites de inverno, conforto-me nas teias de seda que Carola, minha aranha amada, deu-me antes de morrer comida pelo Rato da Ingratidão. Todos viram e se espantaram com um coração rochoso que vazio jaz nas nuvens da eternidade. Oh, belos cravos! Adornai minha cabeça, para que os pássaros possam fazer seus ninhos, assim terei uma mente guardiã da liberdade e dos sonhos impossíveis. Quero voar para buscar o que meu peito anseia, pois a cova sem fundo cavada aqui há de me consumir. No encalço da felicidade busco outra Carola, pois a minha teia de seda precisa de remendos e eu de alento em noites nefastas, quando pesadelos gerados por erros desgraçados meus teimam em voltar para esse contínuo tormento. Ai de mim, sem ti! Sem teus oito braços a me rodearem, sem teus dezoito olhos sempre a me admirarem. E, em ti sou mosca prateada em fio de seda. Como eu queria ter uma Carola a me beber o fluido sangue, fico esperando o vento me trazer algodãozinhos do campo e hei de recolher-los para forrar o nosso leito ao lado do rio que cruza o mundo e sempre nos trazia cestas repletas de frutas. Amarga ilusão de doces momentos que não se repetirão nessa vida varejeira, mas te almejar insanamente é meu vezo. Esses momentos deliciosos, eu sei que jamais voltarão, e é por isso que deixei meu coração escondido nas nuvens, longes de qualquer aranha Carola. Por certo, percebo agora! Que perigo lá ele corre de encontrar o papo de belo pássaro. Não há lugar seguro para ele se não embaixo da terra, sepultado próximos aos vermes sem coração iguais a mim.