segunda-feira, 2 de maio de 2011

Percepções


"The ascend by Ludvigsen"
     A terra estremecida com as batidas de meu coração não pode ser sentida pelos pés que repousam em nuvens. Nas profundezas que habito não distingo o brilho de teus olhos do brilho das estrelas, e muito menos se eles me observam. Nas profundezas que habito tudo é tão obscuro e mais difícil de perceber, e a luz que incide de ti é tão forte que me ofusca. Deixa-me confuso. Deixa-me estranho. Brilhas para o mundo ou brilhas para mim? Daqui é tudo tão igual. Se meus pensamentos vibrassem nesse mundo, todos estariam surdos com o estrondo incessante de teu nome rompendo de minha alma, e queria que assim fosse, mas de minha boca calada e covarde não sai um só sussurro de desejo. Ah! Como eu odeio te adorar, caso apenas te desejasse, te tomava em meus braços e me contentava. Mas não quero só tua carne! Quero é teu carinho, tua atenção, teus cuidados, tua paixão. E com medo de ouvir um não, prefiro não ouvir nada. Sei que um dia, envenenado por esse amor reprimido, enlouquecerei e não mais suportando segurar essa represa, surdo e cego, jorrarei gritando por ti abismo acima. Só espero não passar do ponto, ir além das nuvens, e te assustar. Contudo se ao menos percebesse de ti, que eu ao bater à porta encontraria abrigo para meu coração no teu. Bastaria perceber de ti um quarto dos sinais que todos percebem de mim. Já que apenas os cegos não veem como meus olhos brilham ao te mirar por um breve instante, que é tudo o que suporto sem correr o risco de sumir em ti. Também, apenas os surdos não percebem a devoção em minha voz nas poucas vezes que digo teu nome, pois raramente me atrevo a evocá-lo com receio de por impulso dizer em seguida: ... te amo! Mas se tudo ao mesmo tempo em que é tão velado, é também tão óbvio, por que razão mantém-se tão indiferente? Será que essa indiferença já é para mim a tua resposta? Ou estou tão obcecado em procurar sinais em ti, que não vejo os que tu me mostras espontaneamente? Só temo que ao conseguir finalmente das profundezas que habito sair, a fim de ti alcançar, seja tarde demais, que os ventos tenham levado a nuvem na qual repousas para longe, para muito além do meu toque.

9 comentários:

  1. Que declaração de amor mais bonitinha!

    http://cafedefita.blogspot.com/
    Tiago Guillen

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  2. Muito forte e verdadeiro,não me atrevo a analisar,
    por isso simplesmente digo a verdade,Gostei muito.
    Estou seguindo.-Um abraço e fica com DEUS.

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  3. ixi vou ultiliza-lo
    provasetrapacas.blogspot.com

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  4. Alan Holanda, pode utilizar desde que resguarde a autoria do texto.

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  5. Cara, muito legal ^^
    Curto muito o clima do seu blog, como ja disse!
    Achei muito legal o jeito que você utilizou as perguntas no texto.

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  6. Nossa, amei o Blog, e este post foi excelente :) parabens! seguindo

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  7. Caramba, que denso !
    Não sei de onde tiras tanta intensidade nos textos , mas quero chegar lá, quero conseguir passar sentimentos com letras, como você faz ! repito com a música de fundo , ficou melhor ainda !

    www.caixainclinada.blogspot.com

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  8. Daí que a oposição ao amor não se faz com ódio, mas com indiferença. Ela não olha. E como dói o amor sem destino, sem espanto, sem repouso. O amor cansa mais que uma partida de futebol e precisa de um outro corpo que o aceite e o faça dormir. Dos que li, é seu melhor texto.

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